Nosedive e San Junipero.
Nosedive é o título do primeiro episódio da nova temporada de uma das minhas séries favoritas: Black Mirror. Faz mais de dois anos que um grande amigo meu comentava os episódios da série no telefone tentando me convencer a assistir essa série, que eu achava que era mais uma das séries barrocas-rococós descobertas pelo meu amigo telespectador de produções indies. Eis que algum tempinho depois resolvi finalmente começar a ver. Inclusive vimos o primeiro episódios ao mesmo tempo, cada um em sua casa, e comentamos por celular. E que episódio!!! Piloto incrível, que já dá uma ideia da proposta da série: fazer você refletir sobre certas situações que por mais que sejam de ficção científica, estão chocantemente próximas da nossa realidade. Você é colocado no lugar dos personagens e se questiona o tempo todo o que faria no lugar deles.
Voltemos ao Nosedive. Não assisti os outros episódios novos, mas já posso considerar esse meu favorito? Pelo menos um top 3 está garantido. Somos introduzidos a um mundo, no qual as pessoas são avaliadas de 1 a 5 estrelas e quase todos são obcecados em manter uma nota alta, pois quanto maior a sua média, maior o seu prestígio e consequentemente maior acesso e oportunidades a se divertir com as pessoas mais populares nos melhores lugares da cidade. Fica claro que ser uma pessoa de nota 4 à 5 não é at all sinônimo de felicidade. Pelo contrário, eles passam os dias cuidando para que tudo esteja perfeito, fazendo atividades, que provavelmente nem gostam, só para compartilhar com os seguidores e ganhar muitos pontos positivos. Sounds familiar?
Esse episódio me encantou, não conseguia piscar! Qualquer um já passou por uma fase como a da personagem principal, em que queremos ser populares, queremos fazer as mesmas coisas que as sub-pseudo-wannabe-celebridades estão fazendo, precisamos tirar a foto perfeita para ganhar muitas curtidas e comentários. That is not a life.
Curiosidade: já faz uns dois meses que estou sem celular, tem sido uma experiência worth living, acabei percebendo que minha vida não muda em nada com ou sem celular no quesito felicidade. Às vezes parece que estou perdendo algo por não estar acompanhando o que o pessoal está postando no Instagram ou que estou me distanciando de algumas pessoas por não poder se comunicar por Whatsapp. Por outro lado, a gente vê quem se importa o suficiente para te chamar para um café porque está com saudades. E vê também que sem estar conectado todo tempo nas redes sociais as conversas cara-a-cara se tornam mais valiosas, mais agradáveis e você sai delas mais feliz. Felicidade essa que insistimos em buscar online.
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Depois de ver nas redes sociais que muitas pessoas amaram o episódio 4 da nova temporada de Black Mirror, resolvi assisti-lo, já que os episódios são independentes, isto é, não precisam ser vistos numa ordem. E mais uma vez sou arrebatado por essa série absurda de tão boa!
Dessa vez vemos duas mulheres jovens que acabam se conhecendo numa baladinha dos anos 80 (já fui pego aqui! mas quando tocou Heaven is a Place on Earth no final, eu quis entrar na tela e viver nessa série). O que não sabemos no início é que na verdade elas já são idosas, uma estando em coma, e que a cidade, onde elas se encontraram, não é o mundo real, mas sim um sistema de realidade virtual, que te permite toda semana voltar no tempo por um tempo limitado. Depois que você morre, você pode viver lá eternamente. Tentador, não? Esse episódio é incrível e, como qualquer história que envolva viagem no tempo, triste e, ao mesmo tempo, lindo.
Tenho certos problemas em lidar com o tempo (passado e futuro). Qualquer livro/série/filme que trate sobre isso de alguma forma, eu amo e sofro muito (ex: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Doctor Who, Fringe...). E, consequentemente, pra mim também é muito difícil e assustador pensar na morte, no fim da minha consciência e tudo mais. Então é altíssima a probabilidade de eu optar por viver em San Junipero depois de falecer. Com quem posso falar para já reservar minha estada lá? Quem me acompanharia?
Nosedive e San Junipero.
Reviewed by Rodrigo
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sábado, outubro 22, 2016
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