(Micro) Contos
Primeira parte da seleção de microcontos sensacionais de Carlos Seabra.
O maior trauma do vampiro narcisista era não poder se admirar ao espelho.
Maria Rita arrancou os olhos de sua boneca. No lugar colocou os que tirou do irmão.
O mapa que herdara assinalava o local do tesouro mas não indicava em que parte do mundo se encontrava. Sem saber, viveu toda a sua vida sobre ele.
Naquela biblioteca, um único livro jamais havia sido retirado. No dia que aquela criança o pegou, o bibliotecário dormiu seu último sono sorrindo.
O jantar estava pronto e ela serviu-o ainda quente. Seu marido morrera há muitos anos, mas ela ainda colocava seu prato na mesa.
Foi assaltado na esquina. Ao esvaziar os bolsos, aquela fotografia caiu ao chão. O ladrão ao vê-la caiu em prantos.
Dom Quixote do asfalto ataca semáforos de vento para resgatar Dulcinéia do congestionamento.
A cada tijolo que ele colocava, os muros ficavam mais altos. Mal sabia ele que ali seria o presídio para onde mandariam seu filho.
Pela última vez, escreveu seu nome na orla da praia e ficou vendo as ondas o apagarem para sempre.
As senhoras jogavam baralho com tanto entusiasmo que não perceberam quando o marido de uma delas se jogou pela janela do apartamento.
As duas lágrimas, gêmeas de olhos diferentes, juntaram-se finalmente no queixo, de onde saltaram para o abismo.
Todas as noites ela sonha com tudo o que não ousa nem pensar durante o dia. Às vezes não consegue dormir. Certa manhã não se dá conta que acordou.
A boneca caída no chão era a única habitante daquela aldeia destruída.
Os retratos que povoavam sua paredes eram os únicos interlocutores com quem a velha senhora ainda conversava.
O maior trauma do vampiro narcisista era não poder se admirar ao espelho.
Maria Rita arrancou os olhos de sua boneca. No lugar colocou os que tirou do irmão.
O mapa que herdara assinalava o local do tesouro mas não indicava em que parte do mundo se encontrava. Sem saber, viveu toda a sua vida sobre ele.
Naquela biblioteca, um único livro jamais havia sido retirado. No dia que aquela criança o pegou, o bibliotecário dormiu seu último sono sorrindo.
O jantar estava pronto e ela serviu-o ainda quente. Seu marido morrera há muitos anos, mas ela ainda colocava seu prato na mesa.
Foi assaltado na esquina. Ao esvaziar os bolsos, aquela fotografia caiu ao chão. O ladrão ao vê-la caiu em prantos.
Dom Quixote do asfalto ataca semáforos de vento para resgatar Dulcinéia do congestionamento.
A cada tijolo que ele colocava, os muros ficavam mais altos. Mal sabia ele que ali seria o presídio para onde mandariam seu filho.
Pela última vez, escreveu seu nome na orla da praia e ficou vendo as ondas o apagarem para sempre.
As senhoras jogavam baralho com tanto entusiasmo que não perceberam quando o marido de uma delas se jogou pela janela do apartamento.
As duas lágrimas, gêmeas de olhos diferentes, juntaram-se finalmente no queixo, de onde saltaram para o abismo.
Todas as noites ela sonha com tudo o que não ousa nem pensar durante o dia. Às vezes não consegue dormir. Certa manhã não se dá conta que acordou.
A boneca caída no chão era a única habitante daquela aldeia destruída.
Os retratos que povoavam sua paredes eram os únicos interlocutores com quem a velha senhora ainda conversava.
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